25/10/07
Cabo Verde. Literatura
Em boa verdade devia ser denominado Flagelados do Vento Leste ou, com igual propriedade, Contra Mar e Vento. E, assim, duma cajada homenageavam-se dois gigantes da literatura cabo verdeana: Manuel Lopes e Teixeira de Sousa.
"Nem um fiapo de nuvem pairava nos espaços. Não se enxergava um único sinal, desses indícios que os velhos sabem ver apontando o dedo indicador, o braço estendido para o céu, e se revelam aos homens como palavras escritas.A canícula passeava os campos pelados. Aragem preguiçosa descia, de raro a raro, em curta vagabundeios, dos cimos da serrania, redoinhava à roda das casas e dos arbustos esguedelhados roçava a poeira vermelha do chão puído que flutuava aquecida pelos raios do Sol, impregnando a atmosfera de um odor a colorau ardido. Por toda a extensão do Norte - essa vasta faixa ondulante de terrenos férteis de sequeiros chamado "oceleiro de Santo Antão", e que se estende por quase toda a vertente noroeste da Ilha - pairava um tenso silencio de receosa expectativa." Manuel Lopes
"Nem um fiapo de nuvem pairava nos espaços. Não se enxergava um único sinal, desses indícios que os velhos sabem ver apontando o dedo indicador, o braço estendido para o céu, e se revelam aos homens como palavras escritas.A canícula passeava os campos pelados. Aragem preguiçosa descia, de raro a raro, em curta vagabundeios, dos cimos da serrania, redoinhava à roda das casas e dos arbustos esguedelhados roçava a poeira vermelha do chão puído que flutuava aquecida pelos raios do Sol, impregnando a atmosfera de um odor a colorau ardido. Por toda a extensão do Norte - essa vasta faixa ondulante de terrenos férteis de sequeiros chamado "oceleiro de Santo Antão", e que se estende por quase toda a vertente noroeste da Ilha - pairava um tenso silencio de receosa expectativa." Manuel Lopes
13/10/07
Bibliografia. Ilhas
TAGLIONI, François - Les petits espaces insulaires face à la variabilité de leur insularité et de leur statut politique. Annales de Géographie. - ISSN 0003-4010. - Nº652. - p.664-687
Contra Mar e Vento
Por trás da casa estava-se melhor. Não havia tanto calor. Áquela hora, depois do meio dia, havia sempre um bocado de sombra. O meu avô contava casos do mar, a vizinhança vinha catar piolhos, os homens fumavam e as enxadas criavam ferrugem. Era já tarde e a respeito de chuva, nada. O céu andava escancarado. O mundo, seco como a lenha. Nem um borrifo para apagar a poeira do chão. Os animais, destripados. Tudo como se viesse um redemoinho e varresse os campos.
[Teixeira de Sousa. Contra Mar e Vento]
[Teixeira de Sousa. Contra Mar e Vento]
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