Cerro os olhos e observo a paisagem interior:
cumes, rios, valados, desenham-se no espaço,
contornados a dor,
com certezas de régua e de compasso.
Um potro alado acena um adeus necessário.
Uma flor abre em leque a corola macia
e perfuma de pranto o horto imaginário,
onde invento sozinho outra geografia.
Abro os olhos e nada já relembra a paisagem,
tão real e concreta no momento anterior.
Cumes, rios, valados - a sedenta miragem,
que humaniza o deserto em que sou potro e flor.
Daniel Filipe. Pátria, lugar de exílio, Presença (2ªed, 1976:56).
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